Quando eu era ainda muito jovem por saber
alguma coisa de música fui encarregue de dirigir o grupo musical da minha
igreja local. Certa ocasião uma menina resolve entrar no ensaio a comer
um gelado e claro, zeloso da minha responsabilidade e opara exemplo dos
restantes…
- Não podes comer o gelado aqui dentro e durante o ensaio!
- Não és o meu pastor!
O conflito instalou-se. O ensaio não foi outra coisa senão uma desarmonia de vozes e notas musicais. Pode chegar rapidamente à conclusão que o problema reside na “autoridade posta à prova” mas passados uns anos sou forçado a concluir que deveria ter contornado a questão de uma outra forma pois eu sabia de antemão que a garota era imatura e "empertigada”, que não iria entender a minha linguagem com uma frase tão repentina e corretiva. Eu estava focado no ensaio, não no relacionamento com a equipa.
- Não és o meu pastor!
O conflito instalou-se. O ensaio não foi outra coisa senão uma desarmonia de vozes e notas musicais. Pode chegar rapidamente à conclusão que o problema reside na “autoridade posta à prova” mas passados uns anos sou forçado a concluir que deveria ter contornado a questão de uma outra forma pois eu sabia de antemão que a garota era imatura e "empertigada”, que não iria entender a minha linguagem com uma frase tão repentina e corretiva. Eu estava focado no ensaio, não no relacionamento com a equipa.
Mas então..? É preciso ser um
psicoterapeuta para lidar com pessoas difíceis? Não. Basta que primeiro nos
consigamos compreender a nós próprios, ter uma mente aberta para aprender e
tempo para ganharmos a confiança dos outros.
Quantas vezes já fomos confrontados a
necessidade de dizer algo difícil a uma pessoa e não fomos capazes? Qual foi a
barreira que não conseguimos ultrapassar?
Vamos ver primeiro três aspectos essenciais no nosso relacionamento com outros.
1. Confiança.
A confiança conquista-se com a nossa
presença. É um erro comum tentar corrigir alguém sem que a pessoa seja
primeiramente preparada para o impacto da intervenção ou sem que reconheça a
nossa autoridade para tal.
2. Autenticidade.
Todos nós nos lembramos daquela fase da
nossa vida em que tínhamos dificuldade em expor os nossos erros. Escondíamos essas falhas porque não tínhamos confiança com nas pessoas que nos rodeavam. E hoje muitos
ainda vivem desta forma. Erram, sabem que erram, e não têm a liberdade de se
aproximar de alguém a quem possam compartilhar as suas fraquezas.
A questão do erro interfere no nosso
carácter. Há pessoas que erram e não têm pudor de o fazer na frente de outros.
Uma pessoa que frequente um prostíbulo às escondidas do seu
cônjuge e restante família, pode eventualmente ser autêntico para com os seus
amigos mais chegados, contudo, vive uma vida sem uma autenticidade absoluta. Só
o facto de ter que se esconder faz com que viva em alguma forma de prisão.
3. Liberdade.
Partindo do desafio deste tema, "problemas na comunicação", quando a pessoa se encontra num ambiente de conforto e começa a libertar-se das
suas pressões diárias e consegue distinguir as “prateleiras do seu armário”, fica
nessa altura mais livre para começar a arrumar na sua vida - aquilo que numa só amálgama lhe parecia tão confuso.
“Amar a Deus e ao próximo como a nós
mesmos". A nossa vida é, na sua totalidade, desde que nascemos até que
morremos, preenchida com relacionamentos. Precisamos de nos relacionar com
Deus, com o seu Universo e com a terra e humanos que Ele nos ordenou para cuidar. Esta
prioridade tem que nos preencher em absoluto como pessoas pois precisamos de
ser únicos, racionais, criativos, relacionais.
Relacionamo-nos verticalmente e
horizontalmente. A nossa relação com Deus é o resultado do esforço d’Ele
próprio. Deus, facilitou-nos o acesso a Ele através do Seu Filho Jesus mas no
que diz respeito ao nosso relacionamento com os outros seres humanos é que tudo
se complica. Assim, do mesmo modo que a nossa relação é facilitada pelo próprio
Deus também a nossa relação com o nosso semelhante requer um esforço
adicional de nós próprios. Por delegação dada por Deus, eu e tu, somos a solução
para um melhor relacionamento com os nossos cônjuges, com os nossos filhos,
com os nossos irmãos, com os nossos amigos.
OS CONFLITOS
As pessoas vulgarmente assumem que a origem
dos conflitos está relacionada com os comportamentos de indivíduos indesejáveis
ou associada a ira, agressividade, verbalização negativa relativamente a alguém,
um grupo ou organização, mas não é necessariamente assim. Os conflitos também
fazem parte da vida e não são necessariamente destrutivos dos relacionamentos.
A pessoa em conflito consigo própria.
A pessoa em conflito consigo própria.
Lembra-se do exemplo do burro que morreu de fome por
não conseguir decidir qual dos dois molhos de feno deveria comer primeiro?
Assim são as pessoas também. Não sabem se hão-se escolher primeiro tirar um
curso ou ter um filho, pagar as dívidas que ainda têm ou adquirirem um novo
crédito para ter um carro mais recente.
Dramaticamente por vezes as pessoas também
são confrontadas entre ter que escolher entre ser honesto e ter que viver num
ambiente laboral que envolve enganar clientes – é quase como ter que escolher entre morrer fuzilado ou enforcado.
Outro conflito comum é a luta entre o
prazer e o vício. A pessoa sabe que fumar faz mal e que isso pode destruir a
sua vida mas a apetência física e psicológica é mais forte.
As pessoas em conflito consigo próprios travam um combate do género de Paulo: "Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal". Romanos 7:19-21
A pessoa em conflito com os outros.
Algumas razões que fazem com as pessoas entrem em conflito umas com as outras:
As pessoas podem entrar em confronto por
causa dos seus valores, das diferenças de idade, por terem uma ideia nova ou um ponto de vista
diferente sobre uma questão absolutamente inócua para o bom funcionamento da
sua família, do seu grupo social ou organização.
A competição também é um grande causador de conflitos: lutas pela utilização de recursos melhores ou mais privilégios pessoais.
Por fim, o terceiro grande causador de
conflitos é a confusão na hierarquia. Quem decide ou quem manda o quê, o papel de
cada um no lar, e se quem manda tem as necessárias qualificações para o fazer,
desde a forma ao conteúdo.
Não é preciso ter muitos estudos para se
perceber que a “falar é que a gente se entende.” Mas não precisamos de fazer
só: precisamos de saber falar. Precisamos de saber O QUE falar, QUANDO falar,
COMO FALAR, e por fim SE falar.
“Vi também, debaixo do sol, este exemplo de
uma sabedoria que me pareceu grande: havia uma pequena cidade, pouco
populosa, contra a qual veio um poderoso rei que a sitiou e construiu contra
ela fortes trincheiras. Ora, aí se encontrava um pobre homem, prudente,
cuja sabedoria salvou a cidade; e ninguém se lembrou desse pobre homem. Por isso eu disse: A sabedoria vale mais que a
força; mas a sabedoria do pobre é desprezada e às suas palavras não se dão
ouvidos. As palavras calmas dos sábios são mais bem ouvidas
que os gritos de um chefe entre insensatos. A sabedoria vale mais que as máquinas de guerra;
mas um só pecador pode causar a perda de muitos bens.”
Eclesiastes 9:13-18
Eclesiastes 9:13-18
Para conseguirmos vencer um conflito com sabedoria temos que
nos acautelar contra algumas barreiras a uma boa comunicação.
Há barreiras físicas. Certifique-se que a distância entre si
e o seu interlocutor é a adequada. Se entre si e a pessoa estiveram outros
presentes isso pode provocar a exaltação de uma das partes. O telefone pode
também ser um obstáculo pois você não sabe se o seu interlocutor está sob
pressão ou exaltado pelo motivo de estar no outro lado da linha uma terceira
pessoa a ouvir parte da conversa, pois não o ouve a si, mas ouve apenas a
pessoa com quem você quer resolver o problema.
Seria descabido tentar resolver um problema com alguém
estando os dois debaixo de chuva mas uma sala fria e mal iluminada também pode
ser uma barreira, tal como balcões e vidros. A separação com um vidro pode
criar uma exaltação tanto do cliente que tem nas suas costas outros utentes,
como no funcionário que tem os seus colegas ao seu lado.
Use a mesma linguagem do seu interlocutor. Certifique-se de
que ambos dão o mesmo significado às mesmas palavras. Grupos sociais e
culturais diferentes dão significados diferentes as palavras. A ambiguidade, a
ironia e mesmo uma linguagem demasiado erudita com palavras pouco usuais no uso
comum da generalidade das pessoas também são um problema.
Se alguém quer resolver algo e começa a falar de
outra coisa que não tem nada a ver com a questão a tratar isso pode começar a alterar
o nosso sistema nervoso. Um “quebra-gelo” pode ajudar mas contornar demasiado a
questão pode fazer com que a pessoa não entenda onde queremos chegar.
As pessoas também têm visões do mundo diferentes. Há
barreiras ideológicas que são difíceis de transpor para a resolução de um
conflito. Se você tem um conflito com alguém e sabe de antemão que a sua perspectiva
sobre o aborto ou eutanásia, por exemplo, é diferente da sua, não se atreva a
falar desse assunto que não tem nada a ver com a questão que você quer tratar. Tente, ao invés disso perceber se o seu interlocutor também é do Benfica!
O estatuto social do interlocutor também pode ser uma
barreira difícil de transpor. As pessoas podem comunicar connosco de forma
sobranceira ou subserviente, mas meio das duas deve prevalecer a dignidade e a
humildade.
Não tente resolver um problema com uma pessoa que está
cansada, preocupada porque o filho está doente ou tem no momento uma qualquer
prioridade mais elevada para resolver na vida.
Se falharmos na compreensão destas regras então é porque falhámos
na nossa capacidade de nos relacionarmos de uma forma saudável com o nosso
interlocutor e em última instância estaremos diante de uma pessoa de mau
carácter para a qual não temos solução se tentarmos agir sem a ajuda de outros.
“Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o
entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te
escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se
resolva pela decisão de duas ou três testemunhas.”
Mateus 18:15,16.
Mateus 18:15,16.
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